segunda-feira, 23 de março de 2009

Tempo pra pensar

Eu sou um ateu declarado, não acredito em céu inferno ou reencarnação. Quando era criança em algumas manhãs de domingo íamos com minha mãe levar minha avó ao cemitério. Não era o meu programa favorito, não entendia por que gastar tempo do meu domingo levando flores ao túmulo do meu avô e tia.

Este ano fazem 10 anos que minha avó faleceu. Quando ela faleceu tive a impressão que ninguém mais faria essas visitas ao cemitério. Curiosamente minha mãe começou a visitar o túmulo da família de vez em quando. Minha mãe também não é uma pessoa religiosa e eu fiquei meio surpreso com isso, fiquei mais surpreso ainda quando eu comecei a acompanhá-la. Primeiro pra ajudar a carregar os vasos, cavar buracos, pegar água, mas logo percebi uma coisa importante.

 


Não vamos ao cemitério porque os mortos precisam da gente, mas porque nós precisamos deles. Ir ao cemitério providencia um tempo para pensar não só nos que se foram, ou na nossa mortalidade, mas também refletir sobre como estamos agindo com as pessoas que nos cercam. Como cuidar melhor e ser uma pessoa melhor para aqueles de quem gostamos.

 


Levamos dessa vez umas flores que minha mãe deixou pra enfeitar as mesas na minha despedida. Fizemos essa festa de família e amigos e eu estava insuportável com a minha mãe (com meu pai também) durante os preparativos.

Essa ida ao cemitério me fez refletir um pouco e eu percebi que muito do que me incomoda nessa história é que não queria que eles tivessem a essa altura do campeonato que fazer as coisas por mim. Isso no geral me dá uma sensação muito desconfortável de incompetência.

É idiota e criancice, mas são coisas que eu vou ter que resolver. Pai e mãe nunca vão deixar de ser meus pais e eles sempre vão tentar me ajudar. Saber que tem alguém sempre olhando por mim deveria me dar conforto, não me sentir como um aproveitador ou cobrado ou sei lá o que está passando pela minha cabeça.

 


De qualquer forma tive uma ótima despedida graças à minha família. Domingo foi dia de me despedir dos que já foram e quem sabe fazer um pouco de paz comigo mesmo e parar de estressar com aqueles que só me querem bem.

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