sábado, 20 de junho de 2009

Quebrando paradigmas 1

Existem certas regras nessa vida que eu tento seguir, muitas carregadas de conceitos e preconceitos incutidos desde a mais tenra idade.

Tendo nascido e crescido em São Paulo, estou acostumado a comer boas pizzas. São Paulo tem pizzarias que estão lá desde muito antes de eu nascer, isso por si só é uma boa referência, com tantas opções na cidade, alguma coisa eles devem estar fazendo certo para estarem lá a tanto tempo.

Ao longo da vida a vontade de comer pizza em horários inadequados me fez criar uma série das regras ditas acima.

Não espere uma boa pizza:

a) em uma cidade litorânea;
b) se não for forno a lenha;
c) em um rodízio de pizza;
d) se tiver catchup, mostarda e/ou maionese na mesa.

Bem, a vontade de comer pizza aliada a uma sugestão do Solto na cidade, fez a gente deixar alguns medos de lado e experimentar uma pizzaria em Natal.

O nome assustava um pouco Índios, pizzeria-arte-bar. A decoração era bonita, com muita coisa de cerâmica marajoara e tapajônica, além de pinturas com imagens e motivos indígenas, mas não muito no estilo tradicional de pizzarias.

Entramos fugindo da chuva, não tinha lugar pra sentar já que boa parte das mesas ficavam pra fora e estavam na água. Resolvemos esperar. Logo liberou uma mesa e fomos atendidos. Nenhum catchup a vista, bom sinal.

O cardápio é pintado em uma tábua fina, simpático. Na parede um diploma de curso técnico de pizzaiolo em italiano lembra que o risco foi calculado, tínhamos visto que o dono, chef, maitrê e garçon Mauro Mazzilli é romano e ele que vem pessoalmente nos atender.

Uma olhada no cardápio e a Renata escolhe a Matriciana (Molho de tomate, cebola, bacon, pimenta, Queijo italiano), eu fico em dúvida e Mauro recomenda:

"Sugestão, pizza de batata, queijo, alecrim. Muito boa. Em Roma come-se muito no café da manhã."

Acatamos a sugestão. Logo o cheiro invade o ambiente e a fome aperta. Não demora muito e Mauro aparece carregando sua obra. A pizza não é redonda, eu peço pra tirar uma foto e ele fica encabulado, mas deixa.



A pizza é cortada em 8, ele serve e sugere novamente.

"Essa pizza é boa de comer com a mão"



A pizza é excelente, muito gostosa, super crocante, diferente do estilo que estou acostumado. Não vou fazer comparações com as de São Paulo, é parecido o suficiente para saber que é pizza e é diferente o bastante para não ter base de comparação.

Receber uma "autorização" pra comer com a mão foi um extra, adoro comer com as mãos.

Pizza em cidade litorânea, sem forno a lenha, foi uma quebra de paradigma deliciosa.


PS: Já voltamos lá duas vezes e continua gostoso, não foi só a surpresa. Toda vez volto com o céu da boca queimado, não consigo esperar esfriar um pouco. Ah! A pizza fica ótima requentada de manhã e a de batata realmente é uma delícia no café da manhã.

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