terça-feira, 26 de maio de 2009

Conexões

QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade


Felizmente para mim ainda tem muito o que descobrir em neurociências.

A memória muitas vezes se comporta como o poema de Drummond, um pedaço de informação pode puxar uma trilha de outras que nunca sabemos onde vai parar.

Durante um concurso me perguntaram sobre neurotransmissores que não seguem a liberação sináptica.

Ali, naquele momento de nervosismo eu só consegui me lembrar de neurotransmissores gasosos, NO e CO.

Depois da prova uma série de informações que estavam "represadas" pularam para consciência. Os neurotransmissores lipossolúveis.

Neurotransmissores que "dissolvem" em gordura passam direto pela membrana e portanto não são estocados ou liberados por vesículas sinápticas. Mas o legal é a trilha de informações que se formou na cabeça puxando essas informações, foi mais ou menos isso.

1) Lembrei de ter lido a descoberta de um ligante endógeno do receptor de canabinóides.
We're all potheads deep inside - Simplificando, nós fabricamos nossa própria maconha.

2) Isso puxou a lembrança do bolo de maconha.
Para fazer o bolo a maconha é misturada com a manteiga, como o THC (substancia ativa da maconha) é lipossolúvel ela passa para a manteiga que pode ser usada na produção de alimentos que dão barato.


Resultado:

3) GAH! Canabinóides são lipossolúveis e possuem um receptor próprio.

E foi mais ou menos isso. Queria que essa história fosse sobre como a maconha salvou minha prova, mas vai ter que ser só um comentário sobre como a memória deixa passar as coisas nos momentos mais críticos.

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